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A louca

A louca grita
de madrugada.
Quem ronda seu quarto
de lençóis congelados,
quem olha seu corpo
nu, desabotoado?
A louca
contorce fantasmas
com a agulha do grito.
Sua longa linguagem
atravessa janelas,
seu urro tremendo
pela madrugada.
A louca escura,
escura num quarto.
Cabelos de pedra
arrancados.
E tenta e se entrega
ao trágico amante
que abre as cortinas:
e o vento se inunda
em desespero
no grito – ou é todo o corpo? –
da louca.

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