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A náusea

Conheço esta cidade          ?      mas que marcas
deixo no estreito caminho       ?    que rastro
?     Se amei mulheres por acaso      , as ruas
dizem        : por aqui furtiva exata
a bússola comandou o meu naufrágio.
Vitrines e fachadas         , banal numeração
do cansaço          , o frango distraído que roda
na brasa do carvão a tarde inteira.
Os beijos se repetem         , namoros circulares
também rodam pela praça        : os ladrões rondam
: rodopiam pássaros e relógios.
O convento desabou        , grave ironia
o Metrô por sua vez        Procura Moças
por entre as poças        , passo a passo
moças subterrâneas calmas coloridas
. Bilheteiras          . Besteiras
E me sinto         ? que fazer       , pombo inútil
que se entrega ao milho        , ao milho pardo
que me traz do voo ao chão      , pombo tonto
de sua própria rotação.
!  E o que fazer desses horários  ?
O que deixar por minha história
no lodo doloroso que descubro?
. a mão . passa . paciente
pelas leis e regras      , p.ex.:
artigo 1: todo cidadão
deve ser bom cidadão
senão prisão.
artigo 2: não precisa mais
avisar não precisa
que Precisa-se Balconistas
todo dia.

artigos 3 & 4: cuidado.
E do 5 em diante , estamos avisados
: morreremos esmagados
como artigos recusados. Palmilho esta
dor. A cidade com temperatura
e dor. Deixo a poeira quase errante
e a dor de mastigar tanta dureza
pela calçada de pedra e perda.
E o meu silêncio
, sílaba e vento
do que acabo de dizer e que não venço.

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