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As raparigas e o tigre

Nessas horas em que é grande a tentação
de fazer um verso hermético, nublado,
penso nas raparigas famintas
de domingo
que passam os dedos compridos
pelos cabelos do sexo.
Um tigre longínquo
passeia as patas mansas
sobre as folhas.
Alguma coisa sussurra: é esse o verso hermético?
Envergonhado de minha calma indecisão,
pergunto ao que pergunto: que coisa existe
entre o tigre
e as raparigas famintas
de domingo?

Na hora de calor, nem o vento,
a curva do céu, nada responde:
as raparigas dormem despidas
suas pernas perfumadas.
E o tigre,
nem sei por onde foi
entre as árvores da floresta.

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