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Morrer na Rua

O morador de rua
morre incandescente
na rua:
há quem pretenda
alternativamente
enterrá-lo vivo
nas areias de Ipanema
(festa de sol,
uma calma de verão).
O morador de rua
futura tocha
mas agora preso à margem:
decanta na sarjeta
encosta no poste escorrega
se cobre com a calçada
completa o meio-fio
é atingido em cheio
deambulante
pela pedra portuguesa
pelo paralelepípedo.
Nunca marcou, por ironia,
encontro na esquina:
se entorpece ao sol dos bueiros
pisa pleno nas grades
do cruzamento.

Outra forma de morar morrer
é dormir ao relento.
Mas o dia termina e tem pressa
de vê-lo passar
rumo a outra rua, menos aqui
aqui se paga imposto.

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