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Primeiras Palavras

Quando comecei a publicar crítica literária sistematicamente, a partir de 1985, não me agradava a leviandade generalizada do que lia em suplementos e revistas. A crítica literária foi substituída por um anêmico jornalismo cultural: é comum que o jornalista comente, ao longo de um só mês, cinema, teatro e literatura – e mostre indisfarçável desconhecimento de causa. A prática absurda e compulsiva da resenha, condicionada pelo mercado, converteu a opinião em simples registro do lançamento de livros – e o colaborador em garoto-propaganda mal pago e iludido. A escola da sedução é o resultado de uma pequena militância especializada na área de poesia – de poesia brasileira. Escrevi seus artigos com a intenção de avaliar algumas obras contemporâneas: muitos são precursores e querem também representar a possibilidade de se fazer crítica sem a intenção de engajamento estético ou de repetição das palavras da tribo, mas de promoção do debate intelectual, hábito pouco exercido no Brasil. Devo agradecer sobretudo ao acolhimento de Vivian Wyler, à época editora das páginas literárias do Jornal do Brasil e do suplemento Ideias, e certamente a responsável por minha estreia na imprensa. Alguns dos ensaios sobre poesia brasileira foram publicados, ainda, em O Estado de São Paulo, Verve e Jornal de Letras. “Um Animal Noturno: o Poeta Simbolista” é o único texto inédito em livro, e constitui a parte primeira de minha tese de mestrado. Recordo-me, aqui, da professora Consuelo Albergaria, a quem primeiro mostrei as ideias nele existentes. 

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